Mariluci Bianchi - ProfessoraNos idos de 1963, Anísio Teixeira – é considerado uma das principais personalidades na história da educação no Brasil - em conferência proferida em sessão do Conselho Internacional de Educação para o Ensino, tendo como local o Hotel Glória, no Rio de Janeiro, expressava a sua inquietação com a formação de professores em seu tempo e em seu amanhã.
O conferencista esclarecia que a educação estava defasada porque buscava atingir objetivos para “uma sociedade muito mais singela do que a sociedade moderna, pois o professor ocupa o simples lugar de guardião e transmissor da cultura.”. Nesse sentido, enfatizava a urgência de preparar mestres capazes de enfrentar os recursos midiáticos baseados na propaganda e na diversão comercializada implicando condicionamento político e ideológico do homem, e a concepção de cultura intrinsecamente dinâmica, que ocasiona mudanças, deslocamentos, reajustes.
Como se encontram os mestres de hoje? Passadas mais de quatro décadas, o que se fez nesse longo período para qualificar o professor à altura da complexidade que nos cerca? Mas, que educação é necessária? A UNESCO reuniu alguns dos maiores expoentes do mundo na Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI em 1993, que, sob a coordenação de Jacques Delors, resultou na publicação de "Educação: um tesouro a descobrir (1996)".
Uma das ideias enfatizadas na obra é que a principal consequência da sociedade do conhecimento é a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda vida, fundamentada em quatro pilares, que são, concomitantemente, do conhecimento e da formação continuada. Diz o texto na página 89: “À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”.
José Manuel Moran considerado, atualmente, um dos principais especialistas em projetos inovadores na educação brasileira acentua “que é importante sermos professores-educadores com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organização da aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação”.
Ainda segundo Moran, outro aspecto relevante diz respeito à sala de aula como espaço de múltiplas formas de aprender. Para que isso ocorra, deve oportunizar a informação, a pesquisa e a divulgação das atividades de aprendizagens. Para além do quadro e do giz, a sala de aula do século XXI precisa ter acesso fácil, ao vídeo, DVD, projetor multimídia e, pelo menos, um ponto de Internet, para acesso a sites em tempo real, tanto por parte do professor quanto dos estudantes.
A tecnologia e a mídia digitais fazem parte do cenário, inexoravelmente. O poeta nos sugere: Havia uma pedra no meio do caminho/ No meio do caminho havia uma pedra/ Havia uma pedra no meio do caminho. Seguramente, a demanda por educação é uma meta a ser concretizada em nosso País. Como???? .... Acho oportuno especialmente, neste momento de culto as tradições gaúchas, citar uma das estrofes do nosso Hino: “Mas não basta pra ser livre/ Ser forte, aguerrido e bravo /Povo que não tem virtude/ Acaba por ser escravo.”